
Nesta semana, a influenciadora digital e empresária Nati Vozza foi criticada nas redes sociais devido a uma fala polêmica associada ao bairro Bom Retiro, importante polo de moda da capital paulista. Questionada sobre supostas cópias de peças de sua marca, a influencer disse que elas seriam feitas em “fábricas de chão sujo, usando matéria-prima de terceira”. Algumas pessoas acharam a frase ofensiva e se manifestaram pelas redes sociais, o que levou a blogueira a se desculpar posteriormente.
Vem entender o caso!
Giphy/@nativozza/Instagram/Reprodução
Frase controversa
As críticas começaram depois que Nati Vozza usou o Instagram, na última segunda-feira (8/2), para responder aos seguidores que comparam as roupas da grife NV – fundada pela influencer – com “cópias” mais baratas comercializadas por outras lojas. No início do diálogo, gravado e postado por outros perfis posteriormente, ela cita imitações produzidas no bairro paulistano como exemplo.
“Uma comparação bem básica: ‘Ai, Nati, tem algumas pessoas no Bom Retiro, sei lá, com uma qualidade inferior à sua, que vendem um casaquinho X igual ao seu, [que custa] quatro vezes menos que o seu’. Quero que vocês entendam a lógica do mercado da moda. Existem coisas que podem parecer iguais na foto e não são”, comentou.
Após explicar todas as complexidades e custos do desenvolvimento e produção da peça, ela continuou: “Quem copia faz naquelas fábricas de chão sujo, usando matéria-prima de terceira”. Em seguida, disse que o público da NV “obviamente” não consumiria aquele produto, já que as peças da grife custam mais porque têm qualidade, segundo ela.
Algumas pessoas alegaram que sua alusão ao “chão sujo” foi preconceituosa contra o Bom Retiro, pois entenderam que a fala foi diretamente associada ao bairro. Profissionais da área se manifestaram sobre o assunto pelas redes sociais, enquanto internautas deixaram várias críticas em postagens do perfil Treta das Blogueiras 2, que repercutiu o vídeo polêmico. Durante a produção desta matéria, os comentários no Instagram da NV estavam trancados ou limitados na maioria das postagens.

“Essas palavras não só nos ofenderam como ofenderam as pessoas que trabalham conosco: fornecedores e clientes”, diz um trecho do comunicado. “Ficamos indignados de saber que uma pessoa com uma influência tão grande tem a irresponsabilidade de falar o que não lhe convém, o que não sabe e o que não conhece”, finalizou a empresa.
A estilista paulistana Gabriela Song trabalha como diretora de marketing da empresa, fundada por seus pais. Segundo a designer, a label é resultado de muito investimento, trabalho, pesquisa, carinho e sacrifícios. Ela usou a plataforma para defender a indústria de Bom Retiro do preconceito e dizer que existem marcas que criticam a indústria do bairro, mas copiam de outras.
“Eu tenho muito orgulho da trajetória dessa marca, do que ela representa, e do Bom Retiro, que é uma comunidade com imigrantes judeus e coreanos que chegaram no Brasil sem nada, com pouquíssimos recursos, sem falar a língua desse país, e ninguém os ajudou. Eles foram se ajudando e construindo sua comunidade para chegarem onde estão hoje”, afirmou.
A estilista destacou que o bairro é responsável por muitos comércios espalhados pelo Brasil e pelos sonhos de muita gente que gostaria de ter o próprio negócio. “Quem realmente trabalha na indústria da moda sabe”, disse. “Chega com esse preconceito com lojas do Bom Retiro, com atacado. Esquece tudo que você já ouviu na vida. O Bom Retiro deu oportunidade, é cultura, comunidade, tem muita gente honesta.”

Durante a semana, Nati Vozza usou os Stories várias vezes para comentar a situação e reiterar o pedido de desculpas aos trabalhadores e lojistas do Bom Retiro. Segundo a influencer, suas palavras foram “tiradas de contexto”.

Em vários vídeos publicados no Instagram Stories, a empresária disse que está recebendo tratamento “desproporcional e injusto” pelo ocorrido. “Uma palavra usada e agora tem lives, cancelamentos. Tudo comigo é uma proporção muito gigantesca, é muito exaustivo. Estou completamente no meu limite”, desabafou.